O coordenador-geral do Disque Denúncia, Renato Gonçalves de Almeida, também falou com o Sindicato das Seguradoras do RJ e ES sobre o trabalho da instituição a partir do momento que recebem uma denúncia. Além disso, afirmou que o anonimato é garantido e que a única forma de a denúncia ser identificada é com um código que o denunciante recebe após relatar a sua informação.  

1. Quais são os resultados (em números) obtidos a partir das denúncias?

O Disque Denúncia foi criado na década de 90 (1995), no auge de uma onda de sequestros que tomava conta do Rio de Janeiro. Este tipo de crime especializado estava tão organizado que o Estado não estava conseguindo ter um combate efetivo. Foi então que lideranças empresariais, a imprensa e o Governo do Estado se juntaram e solicitaram o apoio da população fluminense com um programa revolucionário no Brasil – O Disque Denúncia. O trabalho coordenado pelo Disque Denúncia, com a participação fundamental da população, das polícias e da imprensa, levou os casos de sequestro no Rio a zero.

Com isto, o serviço passou a receber informações de todos os tipos de crimes, e hoje, após 28 anos de funcionamento, o Disque Denúncia alcançou marcas surpreendentes neste período,  são mais de 200.000 horas de trabalho, mais de 20.000 criminosos e 45.000 apreensões de armas de fogo, mais de 31 toneladas de drogas apreendidas, mais de 5 mil veículos de passeio e centenas de caminhões de cargas recuperados, mais de 12.000 crimes ambientais foram impedidos e quase 600 pessoas desaparecidas voltaram para seus familiares. E podemos muito mais com o apoio e a contribuição da sociedade civil e dos empresários.

2. O Disque Denúncia é um serviço não governamental? Poderia falar um pouco sobre isto e como funciona?

Isso é bom ser divulgado “Não fazemos parte do Governo do Estado”. O Disque Denúncia é um programa gerenciado pelo Instituto MovRio – uma entidade privada e sem fins lucrativos, e atualmente, se mantém exclusivamente com doações de empresas privadas. Além desse programa, gerenciamos outros quatro programas – O Procurados, parceria com delegacias e com a Secretaria de Estado de Administração Penal (SEAP), para cooperar com a captura de foragidos do sistema prisional e de criminosos que tenham os seus mandados de prisão expedidos – o Desaparecidos, um belo programa de parceria com o Ministério Público, para ajudar os familiares e amigos a encontrar pessoas em situação de desaparecimento – O Linha Verde, o Disque Denúncia do Meio Ambiente – e o DD Cidades, trabalho em parceria com os municípios do Rio de Janeiro. Temos o compromisso com a população e estamos alinhados com a visão de mobilizar esta população em busca de soluções para a redução da criminalidade no Estado do Rio de Janeiro.

3. Qual é o passo a passo a partir do momento que vocês recebem uma denúncia?

O Disque Denúncia não é um call center. Os nossos Analistas de atendimento são treinados pelos órgãos de segurança pública e por empresas, para que consigam extrair as melhores informações dos nossos denunciantes.  Após a denúncia ser cadastrada no banco de dados do Disque Denúncia, o analista de atendimento encerra a ligação e passa a denúncia, por meio do sistema operacional do Disque Denúncia, para a Gerência de Difusão (distribuição para os órgãos de segurança pública). Neste setor, um analista de difusão verifica o teor da denúncia e a encaminha de forma online para um órgão policial, seja delegacia de Polícia Civil ou Batalhão da Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal ou demais órgãos relacionados aos assuntos denunciados. As denúncias são de caráter investigativo ou imediato, e são passadas para apuração. Neste mesmo tempo, a denúncia cadastrada é incorporada ao nosso banco de dados, hoje com quase 3.000.000 de denúncias. Esse banco de dados é utilizado para pesquisas e para gerar estatísticas de local, tipificação de crimes, por órgãos de segurança e etc. E ainda existe o nosso time de Resultados, que entra em contato com os órgãos, que estão apurando as denúncias, e solicitam um retorno sobre o que foi feito daquela denúncia. E daí, esse time insere a resposta para que o denunciante, em caso de retorno de ligação, tenha ciência do que aconteceu com suas informações.

4. O anonimato é garantido?

Esta é a premissa do Disque Denúncia, o anonimato. Sejam pelo telefone, pelo WhatsApp ou pelo Aplicativo, todas as denúncias são anônimas. Em 28 anos de existência, sempre preservamos a identidade de que liga. E por que garantimos o anonimato? Porque efetivamente não sabemos quem entra em contato com o Disque Denúncia. Nossa central não tem identificador de chamadas e também não gravamos a ligação. Os nossos analistas de atendimento digitam todas as informações e inserem no nosso sistema de difusão da denúncia.

5. Quem denunciou consegue saber qual foi o desfecho da sua denúncia?

Sim, após o denunciante relatar sua informação, ele recebe um código numeral para acompanhar o andamento de sua denúncia ou retornar para complementar com mais informações. Esta é a única forma dele ter sua denúncia identificada.

6. Como a população fluminense ou os empresários podem apoiar esse programa tão importante para o Estado do Rio de Janeiro?

Hoje, as únicas receitas que garantem a sobrevivência do Disque denúncia é a parceria de empresas e empresários e doações de pessoas físicas, já que o Governo do Estado deixou de nos apoiar financeiramente desde 2016, em virtude da grave situação financeira em que o Estado se encontrava.

A população e empresários podem entrar no site https://www.disquedenuncia.org.br/post/doacao e conhecer as opções de doação para apoiar esta ferramenta que já é um patrimônio do Rio de Janeiro.

O Disque Denúncia é de todos nós!